“Carmo Palace” um Edifício com história
Sito à Rua do Carmo, n.º 27, no coração do Funchal, o Edifício “Carmo Palace” é um prédio com uma história que merece ser dada a conhecer, assim como a importância da rua onde se localiza.
Rua do Carmo, viver numa rua com história.
A Rua do Carmo é uma das artérias centrais da cidade do Funchal.
Com 306 metro de comprimentos, liga o Largo Phelps à Rua Visconde do Anadia, que desce o Campo da Barca. A rua tem ligações à Rua das Hortas, à Rua da Fábrica, à Rua do Ribeirinho de Baixo, à Travessa do Rego e à Rua Mary Jane Wilson.
Observa-se na imagem, um aglomerado de pessoas diante do antigo Reid’s Carmo Hotel, onde também funcionou o Grémio dos Industriais de Bordados da Madeira e contíguo a este, o prédio onde esteve instalado o consulado dos Estados Unidos da América.
Edifício “Carmo Palace”, viver num imóvel com história.
Este prédio, originalmente de habitação, foi, na década de 70 do seculo XIX, arrendado por James Miles que fundou o Mile’s Hotel. Em 1876, subloca o prédio, onde se encontrava o hotel e vende o recheio do mesmo, a Jonh Holland Payne e Theodoro Júlio Luis Schlaaf.
Posteriormente, este estabelecimento passou a integrar a cadeia de hotéis de William Reid, com a designação de Reid’s Carmo Hotel.
O que sabemos sobre a sua construção original.
“O portão em ferro forjado que ladeia a sua austera fachada de três pisos ostenta ainda a data provável de construção: 1836. Ao nível do terceiro andar, o andar nobre, cinco vãos de desenho classicizante, guarnecidos a cantaria da região e unidos por uma sacada corrida, serviam o grande salão de estar do hotel. A eixo, a larga porta de entrada, de uma só folha, era de sólida carpintaria. Desta porta acedia-se ao átrio de entrada de onde arrancava uma escada de bom passo, em madeira, que dava acesso a todos os pisos do edifício, incluindo a torre-avista navios. Este dispositivo, muito comum na maioria dos hotéis da época, tinha passado a funcionar como mirante para usufruto dos hóspedes que aí acediam para pintar ou fotografar a paisagem.
O Pátio não é a céu aberto, mas uma generosa caixa de escada cuja bomba era iluminada, no topo, por uma claraboia. A escada interior, à qual era concedido um grande protagonismo através dela acedia-se ao piso nobre foi, a partir de meados do século XVIII, uma solução comum nas grandes casas urbanas do Funchal.”
“Do ponto de vista funcional, o Carmo Hotel era, portanto, um edifício originalmente concebido para habitação que pouco ou nada correspondia a um programa hoteleiro, comum já, à época, nos hotéis das grandes metrópoles industriais. Esta informalidade, a interpenetração das áreas públicas com as de serviço, quartos de tamanho muito variável, apenas uma instalação sanitária por piso adaptava-se, todavia, aos padrões de uso da estância terapêutica. A planta, de formato retangular com corredor central de distribuição, denuncia um crescimento que se fez na perpendicular à rua. Dos seus quartos, que tinham fama de ser dos maiores e mais confortáveis da cidade, avistavam-se as montanhas e, no R/CH, teria havido um restaurante aberto ao público.
Segundo relatos, o prédio proporcionava grande conformo no Verão, pelo generoso pé direito das suas salas, sendo também reconhecido pela qualidade construtiva das carpintarias em janelas de guilhotina, portas interiores e escadas e os excelentes trabalhos de estuque em tetos interiores.”
Neste Hotel houve um importante jardim (figuras 4 e 5), onde havia uma jaula com macacos, no entanto, a grande inovação terá sido o court de ténis, provavelmente o primeiro a ser instalado num hotel do Funchal. Este jardim de recantos e sombras onde, entre outros entretenimentos, desempenhou sempre um importante papel como lugar de estadia terapêutica para os muitos doentes que o hotel hospedava.
Ellen Taylor, em 1882, ainda o designado por Mile’s Hotel, regista-o como tendo sido durante muitos anos o melhor hotel do Funchal, não só pelo conforto, limpeza e atenção que dispensava aos hóspedes. O hotel encerrou na segunda década do séc. XX, vindo a ser ocupado pela sede do Grémio dos Industriais de Bordados da Madeira.
Adquirido em 2015 pela “Catanhoinvestments, S.A.” começou a ser reabilitado em 2020, mantendo as suas características arquitetónicas e fazendo jus ao seu passado e à sua história.
A entidade responsavel pela promoção deste imóvel é a “Textura Lendária, Unipessoal, Lda”.
